20 abril, 2012

Elementos

Você, bichinho que possui ferrão mortal, regido pelo planeta [que agora nem é mais considerado como tal] mais distante...
Se soubesse o quanto penso, no que vão sendo esses vai-e-vens de neuras na minha cabecinha, entenderia que a balança está mais para gangorra. Não de sentimentos, mas pensamentos, sim, estes que tanto te atordoam nesses últimos dias.
Vejo se debater em todos os lados do pote de vidro, bicho enjaulado, ferino, pronto para atacar. Mas meu bem, entenda que: apenas você está aí. Não é artrópode, embora tenha várias patas e artimanhas e garras e muitas outras coisas para sobreviver. Para a guerra, não teria escolha melhor, até Ares destronaria seu animal para eleger-te.
Bicho engaiolado além de fúria, sente medo. Apesar dessas bravura toda, da parafernália que dispõe... não passa disso, animal preso, acuado. O covil que te aprisiona não é o vidro, é tua carcaça, cabeça e coração.
Não lhe ensinaram coisa alguma sobre essa força que te toma, engole, masca, devora e te digere, sem conseguir mensurar absolutamente uma vírgula. Não há filtro, nem antídoto para isso, mais letal que seu próprio veneno: o insuportável da ordem do insuportável... Fora forjado em fogo, aferrecido no mais gélidos dos oceanos para que pudesse suportar os extremos de sua vivência.
Hoje você encontra-se assim, recolhida. Raios, trovoadas que cortam o céu em pleno meio dia só parecem demonstrar o que se passa por aí, deste lado.
Estendi a mão. Gentileza nunca foi e não será agora, um dos seus pontos marcantes. Serei picada: magoada.
Mas não importa, não por hoje. Por que embora na chuva, aguardo pacientemente sem mover um músculo da face, pois sei que a tormenta que te aflige passará assim como o mal tempo que cai ao meu corpo não será eterno. Sabe que te espero.

Estendi a mão, apenas.

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