26 setembro, 2012

"Tchac"


Primavera chegou mas ainda há resquícios de um inverno duro. Essa estação específica faz o convite para introspecção  um recolhimento para o que é essencial à vida, algumas perdas, escolhas serão feitas. Como a flor podada, guarda suas flores para num futuro próximo e remaneja sua energia para o crescimento de novos brotos, aonde terão lindos botões adiante. 
Não sei dizer ao certo, mas há uma  flor que há tempo toma minha atenção; há galhos extensos que produzem belas flores vez enquando, porém espinhosos em demasia. E há brotos que já floresceram  quase sem espinho algum. Minha mãe me ensinou que os galhos velhos vão ficando grossos e cada vez menos produtivos, sendo necessário fazer a poda para que dê lugar a novos brotos. Então pego a tesoura e vou aparando... mas ainda me recuso cortar esse galho específico. É como olhar para uma rosa que chora. Embora velho, ainda vivo. 
E quando se trata de cortar laços?

14 setembro, 2012

Never close.


You know that I wish that
This night would never be over
There's plenty of time to sleep when we die
So let's just stay awake until we grow older
If I had my way we'd never
Close our eyes, our eyes, never.

06 setembro, 2012

Para alguém².

Tão pouco tempo em que nos conhecemos, tantos desencontros e problemas em ambas as vidas. As histórias contraditórias, sofrimentos e dores que espalham-se como névoa. Parece que sempre há algo que não nos deixa permanecer perto, sempre tem um motivo, uma razão, uma vírgula maldita que nos separa, distancia. São as circunstâncias, as discussões, os afazeres. Mas por mais que hajam barreiras, voltamos a nos encontrar, insistimos em nos ver, persistimos nessa guerra que é a tentativa de ficarmos bem, de estarmos ao lado da outra. No passado, eu perdi. No presente, você acaba de ter uma perda irreparável.
Me lembro bem que a pessoa que eu queria mais ver naquele dia era você, sim, recordo-me vagamente. E houve briga, e teve coisa jogada na cara, frieza, desapontamento, arrependimento, a volta, um retorno, um abraço longo e emocionado, companhia silenciosa. Hoje ao acordar e ler a notícia trágica enviada ainda na madrugada, paralisei. Cruzar a porta do apartamento onde mora e não consegui sequer te abraçar, eu não sabia o que fazer. Te vi ali tão frágil, tão desesperadamente gritando socorro e ao mesmo tempo se segurando não sei com quais pontas e força do além.. não fiz nada.
Só queria que você coubesse num abraço, num pequeno consolo que nesses momentos necessitamos tanto, não sabemos pedir, sequer temos força pra isso. E foi "simples como segurar sua mão" e me sentir pequena diante da dor que escorria pelos teus olhos, como um rasgo, um tiro, cortou e o sangue se esvai com intensidade, não dá pra dizer nada. Ao mesmo tempo que passa tantas coisas na cabeça, não fica nenhuma delas pra comentar. Ver sua defesa ruir diante de seus familiares e assistir um choro convulsionado, de dor, desespero, angústia desenfreada correndo não só pelo corpo, mas engolindo qualquer coisa que tocava.
É sem querer mas já fazendo uma comparação quando você entra em campo. O peso do mundo nas costas, sabendo que terá de cruzar até o final da linha. será espancada por todas que lhe encontrar, aguentar calada algo que é tão pesado... assistir à tudo isso e não poder dizer nada, por que absolutamente nada terá sentido agora, não se faz necessário, dói. Uma dor de ver alguém se debater na própria angústia de solidão. Que suplica por ajuda mas não consegue aceitá-la. Por dentro, estou em cacos e quero te por no colo, chorar junto, e apenas saber que quando disser: "tô aqui" é mais do que o suficiente. Mas há um silêncio mais pesado e poderoso que nos rege em tudo. Pior que cola super bonder. Apenas estendo minha mão ao encontro da sua, apenas te olho e contemplo seu sofrimento, padecendo junto. Apenas.
Eu te quero sim, sem dor.