30 novembro, 2012

Trembling


Descendo, degrau a degrau do próprio interior. Paredes rabiscadas, densa atmosfera através do calor abafado pelas baforadas de incontáveis vozes no mesmo ambiente. Cada rabisco é uma frase dita e ouvida. Vai perambulando pelo corredor infinito da memória, toca essa parede e pode sentir na palma de sua mão cada corte, todos os milímetros das palavras que foram ali inscritas seja com tinta, ora com o próprio sangue. Fecha-se os olhos para adentrar um pouco mais, num espaço onde a intensidade é tão voraz que paralisa a dor, anestesiando. 
Fecha-se para os estímulos exteriores, nem pessoas, nem drogas de quaisquer circunstâncias a tiraria desse calabouço, seu labirinto, seu mundo. A luz não existe neste espaço, cortou fora para não ficar cega pela brilho. Na escuridão aguça outros sentidos que não sejam os próprios olhos, tão míopes para enxergar a própria realidade, amarrou a fera que ruge e urra a todo instante. Já não sente medo de morrer, mas uma angústia tão singular, como que se fosse possível, pediria para o animal soltar-se antes que ela mesma, num ato impensado, solte-o e acabe logo com esse tormento. 

28 novembro, 2012

S.


- And you know what? Fuck ya all!

Aí você: é, você mesma que tá aí lendo isso o que eu digo, está me comendo com os olhos. É bom pra você? a fantasia te satisfaz? Não tem problema, desencana por que eu também te devoro, cada pedacinho quando te vejo. Já me acostumei com esse filme. Um exercício.
Você é capaz de contar quantas vezes me viu pelada? tomando banho ou me trocando? quantas vezes você já tirou minhas roupas sem ter tocado a ponta dos dedos no meu corpo?
Quantas vezes já te vi nua em pelo, ou das vezes que já toquei seu corpo seminu ou ainda, das vezes que você tirou sua própria roupa num tom exacerbado de provocação e se mostrou a mim? pf. horrores de vezes. Um jogo. 2 presas pedradoras, sabotando o quanto é possível [e impossível] o desejo, o gozo. Tem coisa mais sadomasoquista que isso? Tô falando muito sério.
Esquece esse papo de amorzinho, de bonitinho... tudo com "inho" coisa pequena, supérflua, mixuruca. NÃO. N-Ã-O! Tô falando de foda. Daquela que você urra, quer comer e ser engolida ao mesmo tempo pela pessoa, tem vontade de matar [sim, extermínio] o outro e introjetar tudo. Que dá uma vontade absurda de bater, machucar, provocar ao extremo todas as sensações e ser levada por elas. De agarrar as costas e cravar as unhas dos dedos que deixarão cicatrizes. Puro instinto, a primazia da libido em plena explosão corpórea. Desejo de anaquilação, morte. Se morrer assim, tá ótimo por mim.

27 novembro, 2012

(A)pena.



"Eu não tenho medo do amor. Eu tenho medo é de amar quem tem medo dele. Amar quem teme o amor é como se apaixonar por uma sucessão de desistências.
(...) só quero celebrar as minhas flores de dentro da forma mais adequada. Eu não tenho mais tempo para ser aquela pessoa certa na tua hora errada."
(Marla de Queiroz)

24 novembro, 2012

Caixotes para mudança.


Fazer faxina não é algo agradável por que é rotineiro. Necessário, além de benéfico.
Essa semana começou a "arrumação" aqui em casa. Mas não só onde habito quase toda a parte dos dias, como no interior da morada em que vivo nesses 23 anos. Como se livrar daquela roupa que não é usada  a mais de 1 ano e está lá, guardada no armário ou os papéis que jorram pelas gavetas, mesinhas daqui. Aqui dentro, a coisa andava num total regime de Bakunin, anarquista, quase a teoria do caos. É, acho que acordei do piloto automático e me encontrei numa zona. Começar a perceber o que não lhe faz falta, que a dependência é algo relativo... é como se de repente, tivesse colocado novas lentes em frente a retina e pudesse enxergar o mesmo mundo mas totalmente diferente do que era visto anteriormente. Perceber que a mão não fica suada, ou aquele aperto chato no peito quando sai sozinha é bom. Que você vai ao cinema só e isso basta. Sai e vai para o barzinho, livraria [ou para o raio que o parta] sem temor algum. Cair a ficha de algumas pessoas, é bacana... mas quando a sua cai lá no fundo e você mesma ouve o "plim" é outra história. Quando você consegue descobrir algumas coisas como essas, vem um silêncio bom. Uma paz.
Minha conta no banco estava de pernas para o ar a alguns meses, e eu nem querendo saber do saldo, puro medo de descobrir o rombo. Mas que besteira... se quero resolver, não dá pra ficar fugindo né? Pois bem, não dá pra martelar o prego se está vendado e resolvi por fim, enfrentar a medusa. Hora de apertar os cintos, de encaixotar  todas as lembranças de uma vida vivida nesta casa por 17 anos. Com carinho, vou me despedindo deste lar aos poucos. 
Já estamos quase no fim deste ano me dou por satisfeita com tudo oque ocorreu. 2011 foi problemático em todos os aspectos, 2012 foi [ainda está sendo] o espaço para resolução, a grande "faxina". Agora me preparo para fazer algo que não ocorria desde os meus 14 anos. Planejar a longo prazo, longuíssimos prazos... com a diferença de entender que no período de execução das metas, preciso viver. V-I-V-E-R cada pedacinho dessa caminhada, de sentir todas as coisas. Não de apenas me focar totalmente e deixar a vida me levar. "Será um longo e rigoroso inverno" e quem disse que eu não gosto dessa estação? 
Vem ano novo, que já to quase pronta só pra você!

22 novembro, 2012

Hoy me voy!


Que sensação gostosa!
Embora que por pouco tempo eu tenha ficado na casa dos meus avós, me fez um bem danado. Poder colocar a cabeça no travesseiro sem chorar de angústia por gente que não merecia a muito tempo... ah, tava precisando me reencontrar dessa forma. Tava precisando reencontrar algo que lá no fundo do meu ser eu havia deixado guardado, num canto escondido. O amor próprio. Ele que vez em nunca me dá o ar da graça... já estava mais do que na hora. E é um bem estar tão bacana, é um explodir pra dentro! daqueles que você não tem vontade de gargalhar até a barriga doer mas de um sorriso tímido de canto. Como se pudesse ronronar. Catártico, LI-BER-TA-DOR. Como o vento que passa na vagina desta mulher acima na fotografia. Vomitar tudo oque estava aqui, preso... que alívio.
Se viesse o choro, não seria de tristeza ou desespero... é desse bálsamo que quebrou as antigas algemas que me prendiam. Abrir as asas e alçar um voo majestoso. Como se tivesse dormido a muito tempo e depois que acorda, se espreguiça inteira e levanta para dar os primeiros passos. Entende? 

21 novembro, 2012

Cara bonita,


Como é estranho os modos de agir do bem querer alheio... geralmente uma via totalmente invertida, contraditória.
Seria tão mais simples se nós tivéssemos a humildade de despir-se de tudo. Orgulho, medo, conceitos, dores e anseios... mas como bom seres imperfeitos, vamos tomando doses cada vez maiores de individualismo com relação à tudo. Costurando as tramas soltas com essa agulha enferrujada, amarrando cada parte que tenta ficar livre. Essa indiferença, coisa "morna" que paira na vida no belo exemplo de: ah, se der deu, se não der... f*da-se. 
Ok. Aonde foi parar o desejo? alguém o viu por aí? não?

Pois bem, as vezes por ser demasiadamente intenso, pesado: insuportável.... acaba sumindo, se esvai pra algum lugar que ninguém conhece, nem tem acesso. Muitas pessoas podem achar que é normal, que é assim mesmo. Não me conformo com isso, não dá. "Não rola" viver assim nessa mornisse!
É como tomar uma sopa sem sabor, ou comer chuchu. Sonsa, sem gosto de nada. 

Apesar de pertencer a um signo que aparentemente é lembrando pelo equilibro, nunca fui o ás do mesmo. Francamente gosto das coisas que foram feitas pra não durarem, tortas, fadadas ao fracasso. Tons pastéis sempre me enjoaram. O negócio mesmo são as cores vibrantes, com carga. As alegrias intragáveis, dores insuportáveis, solidão infinita. Nada é pequeno, pouco, pela metade? Sei lá. Tá mais para uma estrela cadente do que planeta. 
Me queimo, afogo, quebro todos os ossos do corpo na queda. Me canso, recolho, "fechada para balanço". Reabro e começa mais uma vez, denovo: o que não é novo. É como usar e abusar de algo e enfastiar-se dessa coisa. Dá-se um tempo pra depois fazer uma vez mais.
Aí eu vou olhar na sua cara e dizer: "olha, não vou te falar que é fácil, lindíssimo e záz por que NÃO É. Vale a pena, tudo. Então por favor pare e preste atenção no que está acontecendo, bem aí na parte de dentro. Tenho minhas dúvidas e se quer saber? sou cagona. Mas tô aqui. Vou morrer várias vezes e cada uma delas vai ser dolorosa. Mas prefiro sentir isso tudo do que ficar imaginando como poderia ter sido."

19 novembro, 2012

Buzão

"Quero colo! vou fugir de casa... posso dormir aqui, com você?"
Pedi arrego, decidi dar um tempo pra minha cabeça. Assim, como quase que do nada.
Ficar uns dias perto da minha avó, vô e tia... tava sentindo falta.
As vezes o que a gente precisa mesmo é um pouco de paz, carinho. Tô carente, sério. Não sexualmente falando, mas tô quase uma pedinte de rua por aí.
Eis que então, no chá de panela da minha amiga, decido por fim: embarcar.
dar um tempo.

15 novembro, 2012

Súbito.

01:27 da manhã.
Acabo de ler uma carta de tempos atrás. Um silêncio profundo reina...
Fazia muito tempo que não pensava em você, tempo mesmo.
Procurei as últimas 3 cartas que escrevi mas não mandei, não achei. Devo ter deletado.
Não sei se quero dizer algo ainda, não é o momento adequado. Creio.
Só posso escrever que começo a me preocupar com toda essa situação que anda ocorrendo desse lado aí.
Deixo essa barra piscar por longos minutos... Faço uma viagem enquanto esse tempo corre.
Deixemos o tempo desfilar. Soberano como é, revelará no momento certo os pontos cegos dessa trama.

"quanto tempo passará? e esse tempo corre diferente".

07 novembro, 2012

Uh uh uh Heavy metal lover.

Menos de 24 horas pra apresentação do meu TCC e eu não estou nem aí. O que vem me dando frio na barriga é o embarque no avião, paulicélia desvairada!!!!

Toda vez... TODA A BENDITA OU MALDITA VEZ que vou a São Paulo SEMPRE acontece algo que me faz pensar horrores. Na última, me senti uma personagem do Caio Fernando Abreu, num hotel moquifo da rua augusta. Deu pra compreender por um tempo limitado a angústia de solidão que ele tanto comentava em seus livros, a volatilidade das pessoas, dos votos eternos, do mofo, velho, podre... "sáscoisas". De você andar sozinha na rua as 2 da manhã, depois de trollarem no trem e você quase se ferrar, por que era o penúltimo, pega o último e a estação já tá fechada... você tem que descer na marginal Pinheiros onde só tem craqueiro e manolo. Não ter um puto no bolso, morrendo de frio, sono e se segurando pra não chorar por que não sabe aonde está, procurando desesperadamente uma estação de metrô que insiste em se esconder na selva de pedra, ter que sentar e esperar dar 5 da manhã pra abrir essa merda pra voltar pro moquifo. Ou seja, se você acha que tá fodida, calma... espera, sempre tem como piorar. É aí que você dá graças a Deus que tem uma casa, cama, família, amigos... você tem pra onde voltar. Sampa....  desde os meus 15/16 anos provocando as mais variadas experiências na minha vida, das mais felizes as mais tenebrosas.
Ir NA CARA E NA CORAGEM assistir o show da "mother monster" vai ser uma experiência única [além de kamikaze], estar num mar composto por quase 70 mil pessoas... as pontas dos dedos já começam a formigar. É sair de lá fritíssima, ir para o outback, comer, comer, beber loucamente, jogar conversa fora com uma amiga  minha que também passa por esse momento "desapego" sentimental. Tem balada? tem sim senhor, mas preciso descansar.. afinal de contas, no outro dia serão mais de 4 horas levando agulhadas sem parar pra terminar a primeira parte da tatuagem.


 Estou nervosa. Fazer isso tudo sozinha tá me dando medo. Espero não desmaiar como quase foi agora pra furar os 6 locais na orelha. Preciso voltar viva, sã e salva ainda na mesma noite!
Por que já no outro dia, é apresentação final do seminário integrador... mas é quase certeza de que não terei voz, depois de tanto gritar loucamente esmagada na grade? na frente da Lady Gaga? ahhhh meu bem... quero é mais é que se f*oda. Só tenho mais 8 meses pra aproveitar tudo o que eu puder antes de me mudar, por que depois vai ser osso.
Que venham as viagens, as loucuras, o suor, a dor filha da puta, as roubadas [são com elas que mais aprendo], as bebedeiras, sorrisos, comilança, pés moídos, amores descartáveis. São Paulo, um amor bandido confesso. Que me droga, suga, usa, faz o que bem entender da minha pobre alma... Me faz viver como a pior das cafetinas. Me faz cada vez mais ficar perdida de amores por você, sua louca. Te amo.


05 novembro, 2012

Insensatez.


Enquanto fico com mais de 12 abas abertas procurando informações sobre roupas adequadas, mochilas cargueiras, botas e o cacete a quatro... Minha cabeça procura resquicios de você por aí. 
- Que desastre. Penso.

Nem mesmo no treinamento da empresa conseguia me desligar disso. Nem todas as estratégias mencionadas foram capazes de me tirar na cabeça o que houve noite anterior. Aliás, parecia que iam de encontro ao ocorrido. Uma tortura.
- Mas que merda. Penso uma vez mais.
Há mais de 5 anos numa graduação onde você é treinado exaustivamente para ler: comportamentos, falas, gestos, tons, entrelinhas... enfim. Deixei passar algo tão besta, tão... na cara. Fecho os olhos e certos trechos do pequeno príncipe vem me dar os tapas merecidos na face. Que faz doer um pouco mais. 
Não se trata de ser "assertivo", de ser formal. Se trata de sentimento, de carinho, respeito, de amor.

Escrevo, teclo, rabisco mas não me é suficiente. Nessas ocasiões só escrever não basta, tem que dizer. De maneira clara e muito bem audível. Nem Tiziano Ferro gritando aos meus ouvidos poderia ser mais eloquente do que uma simples declaração:

Eu fui uma completa idiota e ignorante, por favor: me desculpe.



"O principezinho jamais renunciava a uma pergunta, depois que a tivesse feito.
Mas eu estava irritado com o parafuso e respondi qualquer coisa:
- Espinho não serve para nada. É a pura maldade das flores;
- Oh!

Mas após um silêncio, ele me disse com uma espécie de rancor:
- Não acredito! As flores são fracas. Ingênuas. Defendem-se como podem. Elas se julgam terríveis com os seus espinhos..."