20 maio, 2014

Quase 25. Quase um quarto se foi.

Hoje de tarde enquanto penteava meu cabelo e achei o primeiro fio branco. Demorei pra acreditar mas realmente era um fio branquelo. O primeiro... me olhei no espelho com uma certa cara de espanto, ainda incrédula e fiquei fitando um futuro que parecia tão distante mas que todos nós, seres humanos, sabemos muito bem que a cada dia que piscamos os olhos com o raiar do sol, se torna mais próximo. Me imaginei com a cara mais enrugada, a pele mais áspera e uma coloração diferente nos meus cabelos. "Será que vou pintá-los?" e imediatamente lembrei-me da minha mãe. Amanhã [quer dizer: Hoje] completa 3 anos que ela morreu. A memória nos prega peças estranhas, lembro cada vez menos dela ao passo que sinto saudades de coisas que jamais viverei como ter minha própria casa e poder convidá-la a vir almoçar ou jantar comigo, ou até mesmo de um dia quem sabe, de conhecer minha esposa e/ou filhos.  Hoje o peso da ausência das conversas se faz presente pela falta de conselhos, que outrora poderiam parecer irritantes só que verdadeiramente reais. O processo de envelhecer traz efeitos implacáveis não só no aspecto físico mas principalmente psicológico. Parece que aos poucos, vou perdendo a "humanidade" que tenho. Não é bem essa a palavra, seria algo mais similar a inocência, ao fato de acreditar na bondade das pessoas... a vida dá muitas porradas e por tantas, você acaba criando uma certa "casca" que dificulta o afeto. Que que é isso hein? Meu medo de envelhecer não era por conta dessas mudanças no corpo, a vitalidade se esvaindo a cada respiração... mas o temor de perceber que a doçura que ameniza a realidade amarga dessa vida estranha pode estar se perdendo, como alguém que fica gripado e não sabe qual é o sabor do que prova. Quem disse que velho não perde um pouco os sentidos? desconfio que haja uma espécie de "troca", das sensações para a sabedoria.


"Que gosto terá?"

06 maio, 2014

Fly To;


Amanhã, por volta deste mesmo horário estarei desembarcando em outro país. América: novo mundo ou apenas Estados Unidos da América. É incrível fechar os olhos e ver milhões de pensamentos congelados na minha caixinha pensante isenta de sentimentos, muito menos emoções. Não estou empolgada. Como alguém que volta de uma guerra cheio de cicatrizes, quer apenas um silêncio e observar o que mudou. Talvez seja pelo motivo da viagem, talvez pelos problemas daqui e que não consigo deixar num papel maldito da justiça. Viajar é bom por que nos faz estrangeiros em qualquer lugar mas ao mesmo tempo, você entra em sua casa interna. Mesmo que seja aquela viagem pequenina, ali, do outro lado da esquina.. ou uma dessas que dá uma volta ao globo da terra. Parou de jorrar sangue nesse buraco aqui, sinto apenas uma casca espessa. Silêncio. 
Isso é sério? 

05 maio, 2014

Lua oculta, de quê?


Enxergar o oculto sob as palavras; a face negra da lua, onde se faz morada dos sentimentos. Como um simples piscar de olhos ou a falta deles derrubaram qualquer faceta moldada a gesso. Você mentiu bem com palavras, mas seu corpo caiu facilmente. Este jogo de provocações pode até ser bom no início, o único problema é quando ambos os lados não estão nem um pouco dispostos a se render. Aliás, palavra esta que parece não constar em nossos vocabulários, existe um ponto nesta corta onde ela estava esgarça e arrebentou. No espaço que não coube mais palavras ditas, só sentidas: Algo aconteceu e ainda acontece. No silêncio dos corpos contrastado com uma inquietude das cabeças. Que se passa nos bastidores? 
Se apagássemos todas as luzes e ninguém pudesse ver (nem a si próprio), insistiria em manter-se nessa posição que soa (quase) como um gesto de defesa? ou simplesmente deixaria ser o que é?

Apague-se.