31 janeiro, 2014

Ainda pensando.


A gente nunca sabe quando uma vírgula se torna ponta final. Nem faz ideia do que pode ser mudado, assim ou assado. A gente sequer sonha que aquela tarde calorenta foi a última que sentiu. E no final das contas, o que sobra de nós? o quê? Morte em vida, morte-e-vida é tão presente, tão passado, definitivamente nosso futuro. E a gente enrola as palavras, se enrosca e tropeça no tempo... quando vê, já foi. Preferimos construir montanhas de palavreados sem sentido do que dizer de fato, o que interessa. Só que no final, a gente vê e finalmente entende que nada disso serve, então entende que é como areia nas mãos, não tem sentido em tentar segurar, guardar pra si. Ah se fosse tão fácil... seria tão mais simples.
"como segurar sua mão."













A gente não deveria perder tempo com formalidades e firulas, nós deveríamos queimar todo o tempo possível conosco, apenas.

25 janeiro, 2014

First;

Talvez ele não saiba que aquela dor que ele causou, calou os olhos dela violentamente por uns tempos. Isso não é crime, é carma: magoar alguém assim, dentro do melhor vestido, remover com lágrimas o rímel cuidadosamente passado, deixar tão descrente alguém que achava a vida mágica...


Talvez ele nem desconfie que quando ele disse eu vou embora e ela tudo bem, logo que se deram as costas, ela respirou fundo uma, duas, três vezes, colocou quatro gotas de floral de Bach embaixo da língua e se afundou na tristeza (...)



Talvez ele nunca saiba que ela mudou os móveis de lugar (...) Dormiu no chão, quis mudar de religião.. (...) Pensou em mudar de curso, de profissão, de cidade. Quis mudar de si, já que seu corpo era a casa de um só sentimento. Fez uma viagem, não quis conhecer ninguém, posou de antipática porque estava apática. Se escondeu da lua cheia, fez do seu quarto um campo de concentração e depois se mudou para sala. Trancou todas as portas pra não entrar qualquer ilusão. Por tanto tempo era ela e sua tristeza intransitiva.



O que ele também não sabe porque nem ela sabia, é que um dia ela acordaria assim, vazia daquele amor. A dor exaustiva de cabeceira havia cessado, deixada no fundo do poço. Parou de se alimentar daquela porção individual de desilusão e enterrou o passado num túmulo desconhecido, para que não houvesse a menor possibilidade de revisitá-lo.


(Ele quase soube disto quando pensou que ainda estava recente para ensaiar uma recaída, um flashback. Mas para ela, que só soube na hora do reencontro tão almejado, já era tarde.)



Havia criado um mantra: No momento em que me dei inteira, ele me deu as costas. Isso não pode continuar supervalorizando uma saudade. Ser uma mulher curada de um amor, dependendo das circunstâncias, pode ser melhor que ser uma mulher amada... por ele.



E o seu melhor vestido pedia uma nova chance e um rímel à prova dágua.

[Marla de Queiroz]

16 janeiro, 2014

A passagem


"Como será que é morrer?"
Ainda meio zonza do sono, sentia essa pergunta no fundo da língua. Pronta para se desenrolar. Coisa diferente, sensação primeira. E pela primeira vez, senti medo da morte, de morrer. Por sentir uma solidão furiosa, não há nada no momento da morte, talvez. Nada para se apoiar, nem tentar se agarrar. Então abri os olhos e vi as duas cadeiras marrons, o tapete e a tv ligada. Não estou nem um pouco interessada em pendurar meu par de tênis... talvez esse assunto começou por ler ontem a noite sobre o assassinato de alguém ou pela conversa de como foi a morte da minha mãe. Acordei e lembrei de tantas coisas que se passaram entre nós, das conversas que eu achava inúteis e ela vivia me dizendo: "um dia você vai entender" ou "quando você estiver no meu lugar vai saber". E só agora começo a me dar conta de praga de mãe pega mesmo. Se eu sinto falta dela? sim. Gostaria de poder fazer perguntas que jamais sonhei em dizer... não era mais questões do tipo: ô mãe, por que 4+2 é = a 6 e não um passarinho de cor laranja cantando? são coisas sobre a vida. Perguntar quantas vezes sentiu medo de arriscar, quantas vezes perdoar alguém, estender a mão uma vez mais ou virar as coisas e não olhar para trás, se ela tinha muitos arrependimentos, o que fez ela feliz por todos os anos que viveu... coisas bregas. Tenho a real sensação de que flutuo como um dente de leão, ao sabor do vento. A haste que me prendia era ela, única. Já não tenho mais.. o vento soprou pra longe e hoje vagueio por aí, sem destino certo. Relatando essa sensação à uma colega, ela disse algo que faz totalmente sentido: " lar é a pessoa, não a casa". É isso. Perdi meu lar. Onde moro, pareço ser estrangeira. Na verdade sou estrangeira em todos os locais que vou, não importa se é na casa do meu pai, da minha avó, ou na minha antiga casa. Não me encaixo algum local e aí a saudade aperta o coração e faz os olhos soltarem algumas lágrimas. Ando chorando com frequência, dormindo depois das três da manhã. Desde muito pequena fazia umas perguntas muito estranhas para a minha idade e isso só continua piorando. Quando será que toda essa minha pólvora vai queimar por inteiro e eu finalmente vou cessar? Amo andar pelo mundo [seja do lado de fora ou de dentro da minha casca] mas preciso de uma pausa; 2 ou 3 compassos? pois é. É nessas horas que sinto falta do abraço da minha mãe. Frio queima a gente.... eu já não consigo mais endurecer meu coração como antes e me dói tanto. Sei que vou ser eternamente magoada dessa maneira mas fazer o quê? Amor é assim mesmo, a gente jamais desiste. Mesmo não estando mais perto... obrigada por não ter desistido de mim mãe.

14 janeiro, 2014

Leve abstinência.

http://fazdecontalove.tumblr.com/post/71865112657

11 janeiro, 2014

Des[abafo].


São 15 para as 4 da manhã de sábado, 11 de janeiro... oi 2014.
Você chegou e eu não me sinto revigorada, com as baterias carregadas ao máximo, porém, aliviada por ter rolado a pedra que estava no meu tórax. Evitei falar sobre isso nestes dias, visitando os escombros do grande incêndio que ocorreu por dentro. X-tina ressoa em meus ouvidos neste momento cantando "say something." Embora nem seja essa música (e na verdade não seria uma só que poderia me fazer entender, como boa libriana que sou). Meus sentimentos e emoções fluem com elas... passaram no filtro: roar, undondicionally; viollet hill, segreto, do fundo do meu coração, no light no light,  jar of hearts, preteding, tempo perdido, no me compares, strani amori, non me lo so spiegare, shoot at the night, carry on, limpido e as campeãs: sweet nothing, clarity e let me go. Uma junção de harmonias, ritmos e sentidos. Não posso nem ouvir direito Pink que me dá arrepios. Esse péssimo defeito de ligar qualquer e todos os tipos de afeto que passam em meu cotidiano: T-U-D-O tem trilha sonora. Pra quem não é extremamente musical, enlouqueceria. Olha 2014, o finalzinho do seu predecessor foi U-Ó. Sabe o que é passar com uma corda no pescoço, que te enforcada dia a dia? e não havia como puxar... por mais que eu gritasse por socorro, praticamente implorando. Então, restou a única alternativa: Colocar tudo abaixo. Chutar a pedra angular de todo o edifício e ver a estrutura ruir. Sabe ano novo, me sinto cansada de ser alguém que é sempre a que tem que compreender todas as situações, de ser o poço da paciência quase infinita, de vestir tons pastéis e vomitar sempre pra dentro por isso. As pessoas confundem minha profissão, achando que me transformei numa massa ambulante uniforme e quase inatingível. Não, não sou MESMO. É fato que tenho uma paciência e teimosia desproporcional... e apesar de contrariar todas as expectativas, existe sangue correndo em minhas veias, quente. Não sou um papel. Vibro no mesmo tom do arco-íris. Brilho, apago.... odeio, na verdade D-E-T-E-S-T-O ser levada para o limite e ainda mais quando ultrapasso essa fronteira. Fico estrangeira de mim mesma, num exílio que beira a loucura. A beira por que é o extremo da razão que me dói. É por entender demais, e aquilo que não entendo, ainda busco num esforço insensato o mínimo de compreensão, como por exemplo: entender que há você, do outro lado desta tela que fica vindo me visitar neste blog as escondidas [como se eu não pudesse verificar os acessos que tive por aqui]... entender que você, tem é medo de desapontar sua mãe e de a cara a tapa. Você que me julgou covarde e sem atitude. Te digo que nesse tempo todo, esses atributos felizmente, não me pertenciam. Ser covarde é não admitir e muito menos aceitar para si mesma o que sente. E sai cortando pessoas, fingindo não se dar conta ou de não lembrar de nada. A arte de ignorar... tão bem executada que ignora a si mesma, sua própria existência. Calou a pessoa de dentro com super bonder. Isso é covardia das grandes, que perpassa pelo egoísmo, machuca os outros por que não suporta a simples idéia da possibilidade de sentir a brisa mais fria de desapontamento. A liberdade sempre deu medo ao ser humano não pelo termo em si, mas pela responsabilidade de suas ações, o homem se torna consciente da sua existência a partir deste momento. E não lidar com isso, renegar é má fé pura. Somos escravos dessa liberdade que chega a doer os pulmões de tão pesada que se transforma, ao longo do despertar da consciência. Mas não há como eu dizer que existe apenas um lado errado nessa história. Fui culpada por depositar a minha felicidade em outro alguém. Erro idiota e primordial, fatal. Cheguei a conclusão de que não entregamos nosso coração para as pessoas só pelo amor, mas respeito e principalmente: confiança e merecimento. Por achar genuinamente que fosse merecedora. Havia um elo poderoso que nos ligava e se chamava: confiança. Há algo que pessoa alguma, neste planeta [tirando os perversos = psicopatas e sociopatas] pode ousar brincar, é com os sentimentos dos outros. E você foi além da ousadia... e assim, ruiu o que tínhamos. Te olhar na cara foi tão... vazio.
Abraçá-la foi incomodo, acredito que sentiu isso também, por que no final daquela conversa babaca, sequer conseguia me olhar. Dizer que não iríamos mais nos ver não foi doloroso como sentir o que houve no momento em que li: "retorno ao brasil". É como assistir o final de um ser vivo agonizante. Meu amor por você não vai desaparecer da noite pro dia, por mais que eu gostaria. Entenda: amo você, muito. Mas a dor que me causou finalmente foi maior do que meu amor e paciência. É como a emma diz ao dexter: "eu amo você dex, muito... mas não gosto mais de você". Não preciso citar os motivos que levou até aqui. Vou cumprir o prometido, não irei mais te procurar. Sei que vai reaparecer mas quero te alertar: volte apenas se tem coragem o suficiente para demonstrar o que sente e admitir sem culpa o que quer. Se ainda assim optar por insistir, te digo que não será nem um pouco fácil. Você conseguiu me perder não para outro alguém, mas por mérito próprio e com um plus, emplodindo a confiança que tinha em você, em nós. Hoje, ficou o medo e a colonia de pulgas atrás da orelha [por assim dizer]. Então, entre pra uma aula de yoga... acho que será mais fácil. Paciência, engolir orgulho e drama próprio nunca foram seu forte. 

No mais, te desejo aquilo que disse por sms.

Sorte, em tudo.