28 dezembro, 2014

Por dentro


Estamos na beira do: final do ano. Como um precipício, prestes a deixar 2014 para trás e saltar ao desconhecido e inesperado 2015. Mas não vim para especular sobre esse ano novo que vem por aí. Não é por esse motivo. 
Venho para cá para organizar algo que se encontra fora de ritmo dentro de mim. Minha cabeça e coração entraram em parafuso faz algum tempo e venho simplesmente ignorando isso. Tenho praticado a paciência [quase inexistente em meu ser], explodido menos por fora e deixando a erupção correr e me queimar por dentro. Que domesticação é essa a qual estou me submetendo? não sei. Só sei que não me sinto feliz. 

A primeira coisa que dispara em mim é a raiva mas isso já se foi, agora fica a tristeza e por fim, essa sensação clara, límpida: não estou feliz aqui. Uma luzinha que se ascendeu há um tempo e que insisto em ignorá-la, embora nos últimos dias, ela começa a se fazer notar. Não quero brigar, não quero ter forças para troca de tapas e socos ou de palavras afiadas. Sinceramente não tenho tesão nisso. Apenas busco proteção, um porto. Estou cansada de parecer navegar a esmo, sem direção. Ainda não desisti, mas sinto que minhas mãos estão cansadas de fazer força nesse "cabo de guerra" inútil e imbecil, por assim dizer.
Fico pensando se é egoísmo de minha parte, então tento uma vez mais... sem respostas ou retorno disso. Vou deixando o amor próprio de lado, esvaziando o ego. Respirando e contando até 10, 20, 30. Sustento um meio sorriso-torto pois parece que há um anzol pendurado no lábio, como um peixe fisgado pela insatisfação. Não chuto o pau da barraca, me convenço de que é esse gênio meu, exótico e difícil de lidar, igual uma criança de 5 anos de idade: birrenta. Suspiro.

23 novembro, 2014

Amedrontada

Mãos transpiram de ansiedade e medo de ficar no vazio, nesse pré-desespero a mente dá a volta ao mundo em segundos e imagina infinitas possibilidades pela via negativa. Os minutos transformam-se em longuíssimos anos e você fica num lugar onde ninguém quer estar mas todos os seres humanos passam por ali: angústia. 
Que te faz chorar, perder o sono, perder (ou ganhar) razão. Que merda é essa cara?
Hoje engulo meu coração cabrito nos momentos que ele insiste em querer saltar para fora do meu peito pela boca quando olho no fundo dos olhos de outra pessoa e a afago. Cerro os dentes pra não dizer que posso estar próxima de amar? Não, ainda não é amor... embora as palavras se formam aqui dentro e fazem força para sair. 
Hesitação é algo que tem se tornado constante para mim. Veja só; eu, hesitante: Ironia do destino?
Só quem caiu e se quebrou por completo, sabe quando dói colar os ossos e outras coisas a mais, principalmente curar a cabeça e um coração surrado. Nem sempre a porrada mais feia que você leva, é física. 

03 setembro, 2014

SegreTo


Non lo dirò a nessuno
lo terrò lì nascosto
senza lasciare segno,
il segno in nessun posto.
e non avrà una data
per una ricorrenza
il mondo non saprà
mai della sua esistenza.


eppure è grande,tanto grande
che il silenzio a volte mi fa soffocare
mmmhmm..
non è un tesoro negli abissi
è invece tutto il mare.

(rit)

il nostro amore è segreto
amore sottovoce,
amor che non si deve
amore che non avrà mai luce
amore maledetto,
amore latitante,
amore senza nome o direzione
solo amore.

lo sento respirare
tra i sogni e le lenzuola
è grazia ed è condanna
che sentirò io sola.
non lo darò alla gente
perchè non possa usarlo
preferirei morisse
piuttosto che sporcarlo.

perchè lui è puro,
tanto puro che non so
se io lo posso meritare
mmhmm
per questo lo terrò qui chiuso
a costo di impazzire.


(rit)

il nostro amore è segreto
amore sottovoce,
figlio di un dio sbagliato
amore,che non avrà mai luce
amore maledetto,
amore latitante,
amore senza nome o direzione
solo amore
solo amore
solo amore!!
solo amore..
amore senza fine,
amore che c'ha fame!
amore prepotente
che ti prende a pugni il cuore!
amore rinnegato,
amore che è in galera
il giorno si fa sera
e resta sempre lì dov'era.


solo amore
solo amore
solo amore
solo amore
solo amore
solo amore
solo amore..

12 agosto, 2014

Anot[ações].


Faz algum tempo que não escrevo nada, que não sai algo desse teclado. Olhando agora pros meus dedos, imagino oque poderá vir adiante, no próximo ponto que será colocado: agora.
Há alguns dias venho olhando para o passado... sinto saudades. Algumas coisas até gostaria que voltassem, outras, dou graças a Deus por terem ido (embora sinta a dor ao tocar nestas memórias).
E geralmente essas feridas tem nomes, sons, cheiros, dias de sol, choros, sorrisos. "Borrar" uma imagem colorida para preto e branco não é tarefa simples. Engana-se que tal processo não é doloroso pra quem o pratica. Hoje, precisamente neste momento, sou alguém que tem um emprego que não é da sua área e não me traz felicidade como pessoa mas me cala pelos caraminguás que consigo juntar ao final do mês. Conto também que depois de muitas contas e pular num sonho que será realizado as custas de orçamentos mensais BEM apertados: comprei meu apartamento. Se o cara lá de cima permitir [e eu não estourar o limite dos meus débitos], terei em breve um canto que posso chamar de: M-E-U. 


Escrevo por que algo me angustia e essa coisa sempre põe algo, a gente [eu] em movimento. Angústia de me ver sozinha nesse mundo. Angústia de não conseguir nunca uma independência total, de ficar num trabalho que não gosto e não me traz felicidade. Agústia de ver a vida passar e perceber que deixei ela escapar sem ter desfrutado de cada parte.
Completou 1 ano que estou em Sinop mas de fato, aqui NÃO é meu lugar: o mundo é meu quintal, embora minha casa seja em Cuiabá. Serei uma eterna estrangeira? por que estranha, sou a muito tempo. Já tenho 24 anos, "só" tenho 24 anos [com cara de 25 e peso de 33].


"Hi Stranger"   [Ainda vou tatuar isso, sério.]

01 julho, 2014

Vai.


"Eu sei que o tempo pode afastar a gente 
Mas se o tempo afastar a gente
É por que nosso amor era fraco demais
E amores fracos não merecem meu tempo, não mais.
Simplesmente, eu sei que tudo o que foi importante pra mim 
Da minha vida se foi, então me fez ser assim
Dentro dessa armadura, nessa vida dura
Não sou Indiana Jones então, sem aventura
Porque só tinha conhecido gente louca."


E hoje isso faz TODO o sentido.

19 junho, 2014

Bodega

Ei cara, como que faz pra crescer? assim, que você compra uma casa, ou aquele apartamento ou ainda o pedacinho de chão que você achou ma-ra-vi-lho-so  ficou namorando todas as vezes que passou por ele? Isso é uma das coisas que te habilita a desfilar pelo hall de "adultos" ? quais as coisas que terá de abrir mão em troca dessa conquista? Já sentiu vontade de olhar pra lado e gritar: MÃE CADE VOCÊ NUMA HORA DESSAS PRA ME AJUDAR A CLAREAR AS COISAS?
E quando você deita em sua cama ao final do dia e se pega pensando que namorar com 24, 25, 27 anos não é a mesma coisa quando daqueles namoricos de 16, 17? As pessoas começam a olhar não apenas pro parceiro em si mas pra sua conta bancária, seu emprego, suas aspirações e ambições. De repente parece que houve uma supressão no espaço-tempo, a ampulheta quebrou mas o alarme soou claramente, determinando que você [ é, você aí!] levantasse e desse os passos certeiros. 
Nesse mundo onde todos receberam a normativa de que é preciso vencer, tem muita gente sendo acordada ao sobressalto. Como uma taquicardia, assim quando olhou para aquela garota e o sangue ficou mais quente, as mãos esfriaram e você ficou ali, parado por que não conseguia nem se mexer. 
É cara... desce mais uma dose.

20 maio, 2014

Quase 25. Quase um quarto se foi.

Hoje de tarde enquanto penteava meu cabelo e achei o primeiro fio branco. Demorei pra acreditar mas realmente era um fio branquelo. O primeiro... me olhei no espelho com uma certa cara de espanto, ainda incrédula e fiquei fitando um futuro que parecia tão distante mas que todos nós, seres humanos, sabemos muito bem que a cada dia que piscamos os olhos com o raiar do sol, se torna mais próximo. Me imaginei com a cara mais enrugada, a pele mais áspera e uma coloração diferente nos meus cabelos. "Será que vou pintá-los?" e imediatamente lembrei-me da minha mãe. Amanhã [quer dizer: Hoje] completa 3 anos que ela morreu. A memória nos prega peças estranhas, lembro cada vez menos dela ao passo que sinto saudades de coisas que jamais viverei como ter minha própria casa e poder convidá-la a vir almoçar ou jantar comigo, ou até mesmo de um dia quem sabe, de conhecer minha esposa e/ou filhos.  Hoje o peso da ausência das conversas se faz presente pela falta de conselhos, que outrora poderiam parecer irritantes só que verdadeiramente reais. O processo de envelhecer traz efeitos implacáveis não só no aspecto físico mas principalmente psicológico. Parece que aos poucos, vou perdendo a "humanidade" que tenho. Não é bem essa a palavra, seria algo mais similar a inocência, ao fato de acreditar na bondade das pessoas... a vida dá muitas porradas e por tantas, você acaba criando uma certa "casca" que dificulta o afeto. Que que é isso hein? Meu medo de envelhecer não era por conta dessas mudanças no corpo, a vitalidade se esvaindo a cada respiração... mas o temor de perceber que a doçura que ameniza a realidade amarga dessa vida estranha pode estar se perdendo, como alguém que fica gripado e não sabe qual é o sabor do que prova. Quem disse que velho não perde um pouco os sentidos? desconfio que haja uma espécie de "troca", das sensações para a sabedoria.


"Que gosto terá?"

06 maio, 2014

Fly To;


Amanhã, por volta deste mesmo horário estarei desembarcando em outro país. América: novo mundo ou apenas Estados Unidos da América. É incrível fechar os olhos e ver milhões de pensamentos congelados na minha caixinha pensante isenta de sentimentos, muito menos emoções. Não estou empolgada. Como alguém que volta de uma guerra cheio de cicatrizes, quer apenas um silêncio e observar o que mudou. Talvez seja pelo motivo da viagem, talvez pelos problemas daqui e que não consigo deixar num papel maldito da justiça. Viajar é bom por que nos faz estrangeiros em qualquer lugar mas ao mesmo tempo, você entra em sua casa interna. Mesmo que seja aquela viagem pequenina, ali, do outro lado da esquina.. ou uma dessas que dá uma volta ao globo da terra. Parou de jorrar sangue nesse buraco aqui, sinto apenas uma casca espessa. Silêncio. 
Isso é sério? 

05 maio, 2014

Lua oculta, de quê?


Enxergar o oculto sob as palavras; a face negra da lua, onde se faz morada dos sentimentos. Como um simples piscar de olhos ou a falta deles derrubaram qualquer faceta moldada a gesso. Você mentiu bem com palavras, mas seu corpo caiu facilmente. Este jogo de provocações pode até ser bom no início, o único problema é quando ambos os lados não estão nem um pouco dispostos a se render. Aliás, palavra esta que parece não constar em nossos vocabulários, existe um ponto nesta corta onde ela estava esgarça e arrebentou. No espaço que não coube mais palavras ditas, só sentidas: Algo aconteceu e ainda acontece. No silêncio dos corpos contrastado com uma inquietude das cabeças. Que se passa nos bastidores? 
Se apagássemos todas as luzes e ninguém pudesse ver (nem a si próprio), insistiria em manter-se nessa posição que soa (quase) como um gesto de defesa? ou simplesmente deixaria ser o que é?

Apague-se.

15 abril, 2014

Palavras de tesoura


Ando sem inspiração pra escrever, além de estar irritada por poucas coisas. Ou talvez seja apenas por que andei segurando demais, tendo paciência além da conta para o que não era importante e a sapiência foi pro saco. A lamina está mais afiada do que outrora, uma levantada de sobrancelha ou tom de voz diferente já é o suficiente para um revide. Mas contra o que ou quem estou brigando, se não é comigo mesma? e nem sei o que é exatamente. Essas explosões e cortes já fizeram algumas "vítimas", parte delas foi merecida. Sinceramente? não estou preocupada com o rastro de sangue que ficou para trás. Procuro mesmo os pedaços de alguma coisa que perdi, só não sei o que é... e sim, ainda vai jorrar muito sangue alheio.

18 março, 2014

Wolf.

Faltavam apenas 15 minutos para 1 da manhã de uma noite quente e a vontade que sentia era que abrisse um lapso no espaço-tempo. A cada passo que dava a frente, um segundo a menos para encontrar o magneto que exercicia uma atração quase que irresistível sobre seu corpo. As mãos delatoras, impacientes, agitavam a esmo o ar ao redor e num gesto de silêncio forçado, cerrou os punhos, mantendo-as amordaçadas enquanto atravessava a aquela pista. Os olhos negros estavam fixos: era ela. Sentiu um arrepio correr na espinha e virou o rosto para disfarçar enquanto terminava de ajeitar a mecha do cabelo. Estava de costas e decidiu ali, que aquele era o momento. Ordenou ao coração que ficasse mudo, pois precisava escutar seu vizinho mais próximo. Os braços cercaram e asseguraram a não resistência daquele outro corpo aproximando-se ao seu. "quando fechar seus olhos, eu estarei com você."

15 março, 2014

Here comes the sun



Little darling, the smiles returning to the faces
Little darling, is seems like years since it's been here
Here comes the sun (doo doo doo)
Here comes the sun 
And I say "It's all right" 

21 fevereiro, 2014

E aí?

Fé.
palavrinha pequena mas duma força escandalosa. Hoje chove aqui na cidade infernal, aliás... tem chovido muito por esse região. A vida é meio estranha. Quando se é pequeno, você não faz nada sozinho... depende integralmente e alguém pra poder sobre-viver e quando fica velho, idem. Perdi minha avó materna e a paterna está aqui em casa, com 96 anos nas costas mas algo paira no ar. Um silêncio estranho. Acompanho seu cotidiano apenas por 2 dias e me pergunto: como é esperar pela morte? seja num leito de um hospital, atropelado, ou vendo a resto dos dias passando pra finalmente fechar os olhos e não mais abri-los? Pessoas morrem diariamente no auge dos seus sonhos.. já com outra parcela da humanidade, parece que o tempo se atrasou em levá-las para outra dimensão. Existe algum tipo de morte que é pior ou melhor? você levar um tiro, facadas, uma doença te assolar e lá se vai a vida esvaindo com o pulsar do coração ou ficar cega, com Alzheimer e aguardando o abraço negro eterno?  Ai.

17 fevereiro, 2014

Grandma



Qual é a sina de um pássaro? voar. Ele pode até ficar por um tempo quieto, pousado num galho... mas em algum momento ele vai bater as asas. a vida é assim, a gente pousa em alguma familia, conhece outras pessoas.... mas uma hora a gente precisa alçar voo. E nesta madrugada, quem bateu as asinhas foi você vó... eu sei que o essencial é invisível aos olhos... a vó.. fica aqui um beijo de despedida, guardo seu sorriso pra que ele alegre todos os meus dias mais tristes. A senhora bem sabe o que sinto.... vou sentir muito a sua ausência.

06 fevereiro, 2014

"Então"


Bolas. Alguém já parou pra observar como uma bola de vidro quebra? as rachaduras e tal. um trinco de nada e de repente: crack! aquela coisa está esfacelada. Já viu chiclete grudar no sapato né? mas já reparou como dar o primeiro passo após o encontro com a coisa pegajosa fica um pouco "pesado" ou melhor dizendo: grudento? como se fosse uma única súplica daquela massa colante que gruda no solado com todas as suas forças e artimanhas: não se vá! dó? que nada. A gente resmunga algumas palavras ainda por ter pisado nesse treco. 
Pra que esses objetos e comparações estranhas? ah, por que hoje de manhã recebi um recado e as figuras que me vieram a mente foram essas. Uma bola de vidro se rachando, estourando e um chiclete preso na sola do meu kedz. Tudo isso é interno, não aconteceu por fora. Botei uma mão numa fechadura nova mas a porta de trás insiste em querer ficar aberta. Sensação de pingue-pongue. O negócio é passar a chave e dar as duas voltas, um cadeado, ferrolho, corrente, madeira, prego, piche: sei lá. 
Chegou a hora de melodias, rostos, sensações, dias, sentimentos novos. 
Aí vem nenhum de nós me presenteando com essas frases:

"Amanhã eu vou abrir a casa
vou deixar a luz do sol entrar

uma vida inteira é demais pra esperar
deixa o sol
deixa o sol entrar"

02 fevereiro, 2014

De que lado?



Hay que saber mover los pies.
En la rayuela, o en la vida
vos podes elegir un día.
¿Por que costado, de que lado saltarás?

31 janeiro, 2014

Ainda pensando.


A gente nunca sabe quando uma vírgula se torna ponta final. Nem faz ideia do que pode ser mudado, assim ou assado. A gente sequer sonha que aquela tarde calorenta foi a última que sentiu. E no final das contas, o que sobra de nós? o quê? Morte em vida, morte-e-vida é tão presente, tão passado, definitivamente nosso futuro. E a gente enrola as palavras, se enrosca e tropeça no tempo... quando vê, já foi. Preferimos construir montanhas de palavreados sem sentido do que dizer de fato, o que interessa. Só que no final, a gente vê e finalmente entende que nada disso serve, então entende que é como areia nas mãos, não tem sentido em tentar segurar, guardar pra si. Ah se fosse tão fácil... seria tão mais simples.
"como segurar sua mão."













A gente não deveria perder tempo com formalidades e firulas, nós deveríamos queimar todo o tempo possível conosco, apenas.

25 janeiro, 2014

First;

Talvez ele não saiba que aquela dor que ele causou, calou os olhos dela violentamente por uns tempos. Isso não é crime, é carma: magoar alguém assim, dentro do melhor vestido, remover com lágrimas o rímel cuidadosamente passado, deixar tão descrente alguém que achava a vida mágica...


Talvez ele nem desconfie que quando ele disse eu vou embora e ela tudo bem, logo que se deram as costas, ela respirou fundo uma, duas, três vezes, colocou quatro gotas de floral de Bach embaixo da língua e se afundou na tristeza (...)



Talvez ele nunca saiba que ela mudou os móveis de lugar (...) Dormiu no chão, quis mudar de religião.. (...) Pensou em mudar de curso, de profissão, de cidade. Quis mudar de si, já que seu corpo era a casa de um só sentimento. Fez uma viagem, não quis conhecer ninguém, posou de antipática porque estava apática. Se escondeu da lua cheia, fez do seu quarto um campo de concentração e depois se mudou para sala. Trancou todas as portas pra não entrar qualquer ilusão. Por tanto tempo era ela e sua tristeza intransitiva.



O que ele também não sabe porque nem ela sabia, é que um dia ela acordaria assim, vazia daquele amor. A dor exaustiva de cabeceira havia cessado, deixada no fundo do poço. Parou de se alimentar daquela porção individual de desilusão e enterrou o passado num túmulo desconhecido, para que não houvesse a menor possibilidade de revisitá-lo.


(Ele quase soube disto quando pensou que ainda estava recente para ensaiar uma recaída, um flashback. Mas para ela, que só soube na hora do reencontro tão almejado, já era tarde.)



Havia criado um mantra: No momento em que me dei inteira, ele me deu as costas. Isso não pode continuar supervalorizando uma saudade. Ser uma mulher curada de um amor, dependendo das circunstâncias, pode ser melhor que ser uma mulher amada... por ele.



E o seu melhor vestido pedia uma nova chance e um rímel à prova dágua.

[Marla de Queiroz]

16 janeiro, 2014

A passagem


"Como será que é morrer?"
Ainda meio zonza do sono, sentia essa pergunta no fundo da língua. Pronta para se desenrolar. Coisa diferente, sensação primeira. E pela primeira vez, senti medo da morte, de morrer. Por sentir uma solidão furiosa, não há nada no momento da morte, talvez. Nada para se apoiar, nem tentar se agarrar. Então abri os olhos e vi as duas cadeiras marrons, o tapete e a tv ligada. Não estou nem um pouco interessada em pendurar meu par de tênis... talvez esse assunto começou por ler ontem a noite sobre o assassinato de alguém ou pela conversa de como foi a morte da minha mãe. Acordei e lembrei de tantas coisas que se passaram entre nós, das conversas que eu achava inúteis e ela vivia me dizendo: "um dia você vai entender" ou "quando você estiver no meu lugar vai saber". E só agora começo a me dar conta de praga de mãe pega mesmo. Se eu sinto falta dela? sim. Gostaria de poder fazer perguntas que jamais sonhei em dizer... não era mais questões do tipo: ô mãe, por que 4+2 é = a 6 e não um passarinho de cor laranja cantando? são coisas sobre a vida. Perguntar quantas vezes sentiu medo de arriscar, quantas vezes perdoar alguém, estender a mão uma vez mais ou virar as coisas e não olhar para trás, se ela tinha muitos arrependimentos, o que fez ela feliz por todos os anos que viveu... coisas bregas. Tenho a real sensação de que flutuo como um dente de leão, ao sabor do vento. A haste que me prendia era ela, única. Já não tenho mais.. o vento soprou pra longe e hoje vagueio por aí, sem destino certo. Relatando essa sensação à uma colega, ela disse algo que faz totalmente sentido: " lar é a pessoa, não a casa". É isso. Perdi meu lar. Onde moro, pareço ser estrangeira. Na verdade sou estrangeira em todos os locais que vou, não importa se é na casa do meu pai, da minha avó, ou na minha antiga casa. Não me encaixo algum local e aí a saudade aperta o coração e faz os olhos soltarem algumas lágrimas. Ando chorando com frequência, dormindo depois das três da manhã. Desde muito pequena fazia umas perguntas muito estranhas para a minha idade e isso só continua piorando. Quando será que toda essa minha pólvora vai queimar por inteiro e eu finalmente vou cessar? Amo andar pelo mundo [seja do lado de fora ou de dentro da minha casca] mas preciso de uma pausa; 2 ou 3 compassos? pois é. É nessas horas que sinto falta do abraço da minha mãe. Frio queima a gente.... eu já não consigo mais endurecer meu coração como antes e me dói tanto. Sei que vou ser eternamente magoada dessa maneira mas fazer o quê? Amor é assim mesmo, a gente jamais desiste. Mesmo não estando mais perto... obrigada por não ter desistido de mim mãe.

14 janeiro, 2014

Leve abstinência.

http://fazdecontalove.tumblr.com/post/71865112657

11 janeiro, 2014

Des[abafo].


São 15 para as 4 da manhã de sábado, 11 de janeiro... oi 2014.
Você chegou e eu não me sinto revigorada, com as baterias carregadas ao máximo, porém, aliviada por ter rolado a pedra que estava no meu tórax. Evitei falar sobre isso nestes dias, visitando os escombros do grande incêndio que ocorreu por dentro. X-tina ressoa em meus ouvidos neste momento cantando "say something." Embora nem seja essa música (e na verdade não seria uma só que poderia me fazer entender, como boa libriana que sou). Meus sentimentos e emoções fluem com elas... passaram no filtro: roar, undondicionally; viollet hill, segreto, do fundo do meu coração, no light no light,  jar of hearts, preteding, tempo perdido, no me compares, strani amori, non me lo so spiegare, shoot at the night, carry on, limpido e as campeãs: sweet nothing, clarity e let me go. Uma junção de harmonias, ritmos e sentidos. Não posso nem ouvir direito Pink que me dá arrepios. Esse péssimo defeito de ligar qualquer e todos os tipos de afeto que passam em meu cotidiano: T-U-D-O tem trilha sonora. Pra quem não é extremamente musical, enlouqueceria. Olha 2014, o finalzinho do seu predecessor foi U-Ó. Sabe o que é passar com uma corda no pescoço, que te enforcada dia a dia? e não havia como puxar... por mais que eu gritasse por socorro, praticamente implorando. Então, restou a única alternativa: Colocar tudo abaixo. Chutar a pedra angular de todo o edifício e ver a estrutura ruir. Sabe ano novo, me sinto cansada de ser alguém que é sempre a que tem que compreender todas as situações, de ser o poço da paciência quase infinita, de vestir tons pastéis e vomitar sempre pra dentro por isso. As pessoas confundem minha profissão, achando que me transformei numa massa ambulante uniforme e quase inatingível. Não, não sou MESMO. É fato que tenho uma paciência e teimosia desproporcional... e apesar de contrariar todas as expectativas, existe sangue correndo em minhas veias, quente. Não sou um papel. Vibro no mesmo tom do arco-íris. Brilho, apago.... odeio, na verdade D-E-T-E-S-T-O ser levada para o limite e ainda mais quando ultrapasso essa fronteira. Fico estrangeira de mim mesma, num exílio que beira a loucura. A beira por que é o extremo da razão que me dói. É por entender demais, e aquilo que não entendo, ainda busco num esforço insensato o mínimo de compreensão, como por exemplo: entender que há você, do outro lado desta tela que fica vindo me visitar neste blog as escondidas [como se eu não pudesse verificar os acessos que tive por aqui]... entender que você, tem é medo de desapontar sua mãe e de a cara a tapa. Você que me julgou covarde e sem atitude. Te digo que nesse tempo todo, esses atributos felizmente, não me pertenciam. Ser covarde é não admitir e muito menos aceitar para si mesma o que sente. E sai cortando pessoas, fingindo não se dar conta ou de não lembrar de nada. A arte de ignorar... tão bem executada que ignora a si mesma, sua própria existência. Calou a pessoa de dentro com super bonder. Isso é covardia das grandes, que perpassa pelo egoísmo, machuca os outros por que não suporta a simples idéia da possibilidade de sentir a brisa mais fria de desapontamento. A liberdade sempre deu medo ao ser humano não pelo termo em si, mas pela responsabilidade de suas ações, o homem se torna consciente da sua existência a partir deste momento. E não lidar com isso, renegar é má fé pura. Somos escravos dessa liberdade que chega a doer os pulmões de tão pesada que se transforma, ao longo do despertar da consciência. Mas não há como eu dizer que existe apenas um lado errado nessa história. Fui culpada por depositar a minha felicidade em outro alguém. Erro idiota e primordial, fatal. Cheguei a conclusão de que não entregamos nosso coração para as pessoas só pelo amor, mas respeito e principalmente: confiança e merecimento. Por achar genuinamente que fosse merecedora. Havia um elo poderoso que nos ligava e se chamava: confiança. Há algo que pessoa alguma, neste planeta [tirando os perversos = psicopatas e sociopatas] pode ousar brincar, é com os sentimentos dos outros. E você foi além da ousadia... e assim, ruiu o que tínhamos. Te olhar na cara foi tão... vazio.
Abraçá-la foi incomodo, acredito que sentiu isso também, por que no final daquela conversa babaca, sequer conseguia me olhar. Dizer que não iríamos mais nos ver não foi doloroso como sentir o que houve no momento em que li: "retorno ao brasil". É como assistir o final de um ser vivo agonizante. Meu amor por você não vai desaparecer da noite pro dia, por mais que eu gostaria. Entenda: amo você, muito. Mas a dor que me causou finalmente foi maior do que meu amor e paciência. É como a emma diz ao dexter: "eu amo você dex, muito... mas não gosto mais de você". Não preciso citar os motivos que levou até aqui. Vou cumprir o prometido, não irei mais te procurar. Sei que vai reaparecer mas quero te alertar: volte apenas se tem coragem o suficiente para demonstrar o que sente e admitir sem culpa o que quer. Se ainda assim optar por insistir, te digo que não será nem um pouco fácil. Você conseguiu me perder não para outro alguém, mas por mérito próprio e com um plus, emplodindo a confiança que tinha em você, em nós. Hoje, ficou o medo e a colonia de pulgas atrás da orelha [por assim dizer]. Então, entre pra uma aula de yoga... acho que será mais fácil. Paciência, engolir orgulho e drama próprio nunca foram seu forte. 

No mais, te desejo aquilo que disse por sms.

Sorte, em tudo.