26 fevereiro, 2013

Comida.

É nessas horas que a gente vai compreendendo algumas coisas.
Ah, nem sei. Existem tantas coisas certas e erradas e hoje eu pendo mais para lado "b".
É sentir com a carne, devorar com os olhos, mãos, boca e tudo o que tenha direito. Saber que está entrando num buraco que guia para uma caverna, que só vai descendo, descendo, descendo.... e não dar a mínima pra isso. 
Pegar com vontade, morder, agarrar, urrar, suar, gozar, cansar. Quantos verbos? "oh, você quer a verdade? a verdade é que o amor é sujo e salgado" concordo e gosto dele assim.
Gosto dessa sua cara cínica mantendo um teatro a pleno vapor enquanto os dedos das mãos revelam uma vontade incontrolável. Uma excitação que só cresce e quando nos damos conta, já tem gente percebendo, olhando pra nós.
Já li tanta coisa dizendo que quando uma mulher se apaixona tem uma força que comove até os mais duros. Assim quando decide algo, elege o que quer e vai lutar por isso com unhas e dentes. Nem o capeta faz o que ela faz. Agora, imagine duas mulheres juntas. Nada, nem tinhoso, pinga, ziriguidum é páreo.
Do barco, escuto sua melodia sedutora e bêbada, esperando o momento em que eu, imprudente, irei a proa, me lançando a você e caindo nessa armadilha quase que mortal. Sugando cada pedacinho meu, numa refeição concentida.

21 fevereiro, 2013

"Sabe.."

Eu não sei mais o que dizer da gente. É algo que tá mais "além". Já me acostumei quando nos encontramos e não conseguimos ter "olhos nos olhos". Isso só acontece com assuntos triviais e distantes. Quase nunca conversamos pessoalmente, por que? Por sermos bobas. 
Aquela história do professor Girafales aceitar a xícara de café da dona Florinda e os dois ficam ali, bobões em frente a porta, sebosos. Não tem café, mas é similar de certa maneira. Vou a sua casa e você vem a minha, cozinha e quase não trocamos sequer uma palavra. Aí é fechar a porta de casa, a porta do carro, para abrir a janelinha no celular ou no computador e lá, sim, tagarelar e dizer tudo que ocorreu e o que ainda se passa.
Você, que sai da toca quando ouve o som dos meus passos mas que hesita em se aproximar.
Eu, que ando até certo ponto da estrada e paro pra ver se você finalmente vem ao meu encontro.
Não há palavras quando suamos juntas e a respiração fica forte e ofegante. Mas não é fazendo amor ou algo do tipo. Talvez seja algo que nem se passa na cabeça de ambas no momento. Só depois. E é quando chegamos em casa cansadas, é que cai a ficha... no banho, enquanto a água corre pelo corpo, fecha-se os olhos e provoca um certo arrepio na nuca. Quando você se lembra do aperto que sentiu ao ficar debruçada na porta de um carro por horas. Ou quando vai se deitar, apaga todas as luzes para acender as lamparinas da memória e me ver chegar cada vez mais próxima, até que a distância não existe mais. É quando você pensa até os miolos fritarem e entrarem em curto-circuito. Aí vem ele cantarolando "quando lembra que seus lábios encontraram outros lábios de uma pessoa e o beijo esperado ainda está molhado e guardado ali, em sua boca" sabe?
Ah Nando.... 



"sei, eu sei."

15 fevereiro, 2013

Luz amarela acesa.

Hoje não gostei de mim. Não pelo menos nas últimas horas. Parece que acordei de súbito e me vi, ali, repetindo algumas coisas que abomino. Acho legal quando numa relação ambas as partes cedem... mas transformar isso em algo imperativo, fode.
Ver que o sentimento de posse exalando pelos poros pode quebrar um clima tão amigável em questão de segundos, por um simples olhar. Isso além de irritar, me entristece profundamente. Talvez essa apurrinhação que sinto seja por conta dessa mornisse, não fiquei cega e por estar enxergando as coisas, vai azedando minha harmonia. 
Preciso pensar.