24 março, 2013

It's time.


Flash, luzes, estrobo, calor, corpos, suor, música alta, bebidas.
Fan sendo acionado a potência máxima.
Ponta dos dedos tocando a boca com batom vermelho.
Cintos afivelados à três.
Roupas arremessadas à quatro mãos.
Seis pés pulando pra lá e pra cá.
Três corpos içados a 50 metros de altura numa velocidade a 120 Km/h.
Líquidos aos litros.
Sono de menos.
Cansaço de mais.

"Coelhinho da páscoa, que trazes pra mim?"

22 março, 2013

Vengo del aire


A música se mostra devagar e a cada nota, vejo algo diferente de você. A forma como o vento balanceia seus cabelos negros e extremamente lisos. Seu rosto robusto, de formas pronunciadas. Olhos que acorrentam os meus mas perde o magnetismo quando de fato, finalmente lhe encaro, deixando-a sem graça. 
Agora estou aqui, deitada e escrevendo, sentindo uma dúvida com o gosto que carrega essa canção. Que será que vai acontecer a nós? Não sei dos nosso abraços, raros. Tão intenso quando nos tocamos e beijamos, tão forte que lágrimas correram e fizeram você soltar: "por que demorou tanto pra acontecer?" E em contagem regressiva os dias se vão e sabemos que logo, a vida estará nos separando de forma irredutível. Mas a dúvida que reina na minha cabeça é se iremos nos separar mesmo. Meu coração bate tão fraco com receio de não viver esse pouco tempo que temos. Fraco por que não quer fazer barulho, prefere o silêncio para não ter de acordar nada aqui. Latente. Por que quando adentrarmos no pássaro metálico, vai começar a bater forte, ressoar mais alto que os tambores de uma nação inteira. Não sei oque se passa.
Estou com medo, só não sei quais deles é maior. Não sei mesmo...

17 março, 2013

Fogo fátuo


Tantas mesas naquele salão que remete a tenras memórias gauchescas. Sentados, bebendo, olhares estarrecidos e atravessados.
- Eu já vi.
Vinha na direção de todos, veio na direção que não deveria. Como uma agulha prestes a tocar a fina camada de pele do dedo, o toque, uma gota vermelha pinga na toalha branca deixando um registro, marca.
Não houve sangue, todos ficaram pálidos. Apenas os sorrisos, amarelos, artificiais. Cumprimentos formais. 
Mas aquele fino metal que instantes anterior cravara no dedo, deixou ali um recado: Furo, toque, um incômodo crescente como as notas ressoando numa catedral gótica.
Pesadelos sendo interrompidos num solavanco. Um gosto estranho na língua, não por conta da cevada em excesso. É o ferro ou o fogo, talvez ambos.... enfim, escorrendo.
É apenas você chegando. Apenas.