25 outubro, 2013

Por aí.



Entre papéis contábeis e conversas alheias, algumas questões são plantadas na minha cabeça. Na verdade dúvidas que não estão somente em mim, em outros também. Muitos não entendem o por que de eu ter parado nessa cidade. Quase todos não sabem o peso que é levar isso. Uma voz amiga fez a seguinte questão essa semana; "e você, como está?" e a respondi dizendo: "acho que na hora de colocar as coisas nas caixas pra me mudar, me encaixotei também e ainda não me desembrulhei". Deu pra ouvir a moeda bater lá no fundo e tilintar. Penso nesses (pseudo) oito anos que estão por vir e me pergunto: ficarei guardada numa caixa por tanto tempo? Lutei tanto pra ficar aqui encarcerada numa sala gastando 2 horas trabalhando 6 eu fico olhando para as paredes da sala e as outras 16 arranjando algo pra explicar os motivos de estar aqui? Nunca fui muito normal pra um comportamento padrão, tão pouco o estilo tradicional me atrai. O conformismo me deixa de cabelos em pé e diariamente olho no espelhinho do microondas lá de casa o ponto de interrogação nos meus olhos sobre tudo o que está acontecendo. Me pergunto se estou fazendo isso certo, aliás, se esse certo é de fato o correto por que não é o que sinto, nem o que minhas tripas insistem gritar, muito menos meu coração concorda. É como se eu tivesse aceitado ser domesticada em uma jaula minuscula. Por quanto tempo vou aguentar isso? Esperarei 8 anos, onde teoricamente meus avós vão partir dessa pra melhor e só depois eu vou "recomeçar" a viver novamente ao sabor do vento? Vou simplesmente jogar num buraco 8 anos da minha preciosa vida? Já não senti bastante na pele ver minha mãe protelar as coisas que ela mais quis na vida e acabar morrendo sem ter realizado metade delas? Então que liberdade "posso" ter? Sinto dentro de mim uma coisa tão urgente em viver e de repente entrei em estado de latência. Pra quê? Meus pés querem tocar o globo em sua totalidade antes de sossegarem em algum canto dele. Preciso ver muita coisa ainda antes que estes olhos deixem de perceber a luz.
Alguém me disse essa semana assim: "mas essa cidade é pequena pra você" e deram outro alerta ontem:  essa história de "nunca é tarde" é balela. Me falou da diferença de aprendizagem dos 20 para 30 e poucos anos. Revelaram também que com o passar dos anos, vamos perdendo a coragem... seja para mudar radicalmente, seja para ir na esquina de casa. Nesse momento uma música vem de encontro onde a letra ressoa: "apenas os jovens podem se libertar, se libertar. Perdidos quando vento sopra, por conta própria."
Então onde foi parar meu desejo de ir pro Canadá, graduar em fotografia e me tornar cidadã daquele país logo após a minha formação? Onde "eu" fui parar?

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