30 novembro, 2012

Trembling


Descendo, degrau a degrau do próprio interior. Paredes rabiscadas, densa atmosfera através do calor abafado pelas baforadas de incontáveis vozes no mesmo ambiente. Cada rabisco é uma frase dita e ouvida. Vai perambulando pelo corredor infinito da memória, toca essa parede e pode sentir na palma de sua mão cada corte, todos os milímetros das palavras que foram ali inscritas seja com tinta, ora com o próprio sangue. Fecha-se os olhos para adentrar um pouco mais, num espaço onde a intensidade é tão voraz que paralisa a dor, anestesiando. 
Fecha-se para os estímulos exteriores, nem pessoas, nem drogas de quaisquer circunstâncias a tiraria desse calabouço, seu labirinto, seu mundo. A luz não existe neste espaço, cortou fora para não ficar cega pela brilho. Na escuridão aguça outros sentidos que não sejam os próprios olhos, tão míopes para enxergar a própria realidade, amarrou a fera que ruge e urra a todo instante. Já não sente medo de morrer, mas uma angústia tão singular, como que se fosse possível, pediria para o animal soltar-se antes que ela mesma, num ato impensado, solte-o e acabe logo com esse tormento. 

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