16 agosto, 2012

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"Há um par de passos à andar pela grande maçã. Não é centopeia, de cem, mas de "sem"; falta: ausência.
Esse mesmo par andante procura pelos quarteirões da cidade gradeada algo que remete à outro par. Este par corre pelas avenidas quentes, dispara para que o tempo ganhe ritmo, apresse-se, para diminuir, comprimir a distância.
É como um esforço para unir as pontas de dois fios soltos em uma trama. Quase que sobre-humano. como tentar suprimir o espaço entre dois continentes.Quase tão simples como um abraço que propicia o reencontro, "o encontro": linha de chegada, o zero absoluto, fim? Não seria.Não é o ponto final, apenas uma vírgula. 
Quando as lágrimas correram lançando-se ao desconhecido, o par que alçou voo rumo ao novo. Houve a revelação; a atriz retirou sua máscara na peça. Turbinas ao máximo, provocando o solavanco, o barulho ensurdecedor que cala tudo: solidão canta junto com os pares. Que melodia estranha.
Cai as gotas, avião decola, alguém partindo, ausência alastrando-se como raiz.
Apenas um par saberá este singular som, dois. Cúmplices do mesmo segredo, vagueando pelas esquinas do mundo... seguem caminhos paralelos, observando se fará curva. Faz a volta 
- Retorno?
Uma espera, uma saudade, uma viagem, uma pessoa, uma aeronave: 1. uno. Unem.
Vazio que é sentido, quando é encontrado: acaba.
O zero."

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