06 setembro, 2012

Para alguém².

Tão pouco tempo em que nos conhecemos, tantos desencontros e problemas em ambas as vidas. As histórias contraditórias, sofrimentos e dores que espalham-se como névoa. Parece que sempre há algo que não nos deixa permanecer perto, sempre tem um motivo, uma razão, uma vírgula maldita que nos separa, distancia. São as circunstâncias, as discussões, os afazeres. Mas por mais que hajam barreiras, voltamos a nos encontrar, insistimos em nos ver, persistimos nessa guerra que é a tentativa de ficarmos bem, de estarmos ao lado da outra. No passado, eu perdi. No presente, você acaba de ter uma perda irreparável.
Me lembro bem que a pessoa que eu queria mais ver naquele dia era você, sim, recordo-me vagamente. E houve briga, e teve coisa jogada na cara, frieza, desapontamento, arrependimento, a volta, um retorno, um abraço longo e emocionado, companhia silenciosa. Hoje ao acordar e ler a notícia trágica enviada ainda na madrugada, paralisei. Cruzar a porta do apartamento onde mora e não consegui sequer te abraçar, eu não sabia o que fazer. Te vi ali tão frágil, tão desesperadamente gritando socorro e ao mesmo tempo se segurando não sei com quais pontas e força do além.. não fiz nada.
Só queria que você coubesse num abraço, num pequeno consolo que nesses momentos necessitamos tanto, não sabemos pedir, sequer temos força pra isso. E foi "simples como segurar sua mão" e me sentir pequena diante da dor que escorria pelos teus olhos, como um rasgo, um tiro, cortou e o sangue se esvai com intensidade, não dá pra dizer nada. Ao mesmo tempo que passa tantas coisas na cabeça, não fica nenhuma delas pra comentar. Ver sua defesa ruir diante de seus familiares e assistir um choro convulsionado, de dor, desespero, angústia desenfreada correndo não só pelo corpo, mas engolindo qualquer coisa que tocava.
É sem querer mas já fazendo uma comparação quando você entra em campo. O peso do mundo nas costas, sabendo que terá de cruzar até o final da linha. será espancada por todas que lhe encontrar, aguentar calada algo que é tão pesado... assistir à tudo isso e não poder dizer nada, por que absolutamente nada terá sentido agora, não se faz necessário, dói. Uma dor de ver alguém se debater na própria angústia de solidão. Que suplica por ajuda mas não consegue aceitá-la. Por dentro, estou em cacos e quero te por no colo, chorar junto, e apenas saber que quando disser: "tô aqui" é mais do que o suficiente. Mas há um silêncio mais pesado e poderoso que nos rege em tudo. Pior que cola super bonder. Apenas estendo minha mão ao encontro da sua, apenas te olho e contemplo seu sofrimento, padecendo junto. Apenas.
Eu te quero sim, sem dor.

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