06 dezembro, 2011


Existem tantas fotografias nossas.
Tantas que não existem quase nenhuma. Mas elas existem, pelo menos na minha cabeça.
Foram tantas poses gastas, de você, de mim, da gente... Se fossem reveladas, mandaria a você num papelote com um lembrete: “olha”. Simples assim.
Tenho tantas delas como quando você está sorrindo, não aquele sorriso amarelo ou forçado que às vezes damos em fotos que encontramos a família. Mas daquele que contém uma felicidade doce, um quê de afeição. Dessas tenho muitas, principalmente de nós, juntas. Das vezes que brincamos coisas bobas, até mesmo consideradas idiotas, mas eram boas.
De você pensando, falando, andando, dormindo. Gerúndio, eu sei. Mas a fotografia é assim, “apreende” algo em movimento para torná-lo eterno.
Algumas são coloridas, outras em preto e branco... da uma dramaticidade a mais, um impacto maior. Tenho saudades dessas fotos, essas que nunca tirei. Sequer cheguei perto do botão e; click. Pode ser daquelas maquininhas que pagamos no shopping e fazem várias mini-fotografias ou até mesmo dos senhores que ficam em parques com Polaroid a espreita, os famosos “lambe-lambe”.
Tenho algumas que são as preferidas (todos têm algumas coisas que preferem mais) como de você dormindo encolhida, vindo como uma faca afiada, cortando a multidão e vindo me abraçar, da gente abraças [em particular, são as que mais gosto], na chuva, de mãos dadas...
Um portfólio completo.
Fotos. Um objeto que toca as pessoas de modo singular, que faz pensar, re-pensar, emocionar, recordar, sonhar, projetar, viajar, vivenciar e tantos outros verbos que podem ser usados aqui.

Gostaria de revelá-las a você, mas não posso, pois elas não existem num chip, cartão de memória, negativo ou chapas. Não tenho um registro concreto dessas imagens, fica um espaço, parece ser uma parte incompleta da minha existência até aqui, até agora.
Ainda sim, posso te dizer que as fotos que tenho na minha subjetividade, são lindas.
Com toda a riqueza de detalhes fielmente gravados, e olha que é melhor do que as partículas de prata. São texturas, camadas e camadas de afetos sobrepujadas até que saia a imagem.
Dessas fotos, apenas pouquíssimas são poses não naturais. As espontâneas são mais bonitas, pois guardam todas as imperfeições que mais adoramos; uma careta, um sorriso torto...
Tem mais cara de serem vivas, acho que a verdade é essa. É isso, é vida. A vida... entende?
que me dá vida, nos “anima” [animus? Não sei mais se é essa a palavra que possui esse conceito], enfim, que faz andar.

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