15 dezembro, 2009

Dezembro.

chove muito por essas bandas, a terra pulsa com o sangue alaranjado e marrom correndo por todos os cantos.
vir a sinop é como a abrir um baú e olhar fotos.
e ver boa parte da familia e sentir-se que não faz parte da mesma.
é observar sem tocar, não intervir em nada.
como hoje no aniversário da minha avó materna, fiquei olhando para os cantos e pensando.
ver meu tio mais velho porém depois de muito tempo, estava feliz, estava bem. trazia a paz no rosto e por um momento aquilo me reconfortou.
ver meu primo no qual eu dei banho quando era bebê, conversar comigo sobre qualquer coisa e ele já está maior que eu.
minha prima com seu filho, que já é bisneto da minha avó...
estar dentro de um galpão, churrasco, um povo de olhos claros, felizes.. estamos numa típica festinha de alemães, gaúchos e paranaenses.
lembrei dos tempos que passei no sítio dessa minha avó, dos dias que pulava no açude e quando ia pro trampolim, já via meus primos chegando e estava tudo armado pra ser a melhor tarde. quando montava a cavalo e corria o quanto pudesse, sempre gostei desses bichos, a sensação de liberdade era sentida no rosto, a passos largos, no galope. Ao andar de bike e inventar trilhas e mais trilhas pra passar, se sujar toda ficar risonha.
hoje, sentada na cadeira olhei pra essa janela do tempo e fiquei triste.
parece que há um pedaço de mim mesma que perdi.
Deus, como o tempo passou, como as coisas mudaram e hoje aquele sítio se transformou num loteamento e toda vez que tenho q ir para ver como está, já me sobe um nó na garganta. vejo alguns fantasmas meus espalhados por aquele lugar.
torno a olhar o galpão e acabo me distanciando disso.
penso na bels, na vontade que tenho de abraçá-la, de sorrir e apertar contra mim como se desse pra po-la dentro do meu corpo, de ficar sem nada pra fazer mas só estar do lado sem falar nada, de sentir que estamos na "nossa" casa e de dizer que ela é a primeira pessoa com quem vou passar uma virada de ano assim e que isso me deixa absurdamente feliz, mas de repente me calo. algo está me incomodando. sinto que há uma folga nos vãos de nossas mãos e não consigo segurar. me preocupa, me dói.

não sei.


como diria Pink:

"but I've got a bad, bad feeling.."

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