- Abri os olhos.
Toda aquela baboseira diária a ser feita, pior que missa com suas carolas ao pé do altar.
Não tomo café, coisa ruim... tá que é brasileiríssimo, sou do contra. Nem água de manhã.
Que bosta, já tá saindo fora de linha o que pretendo escrever.
Vamos começar assim;
Amanhaceu, ok. Só que está cinza lá fora, não aquele cinza escuro, de chuva. é o cinza de frio, do outono terminando seu desfile e abrindo alas para o inverno que logo chegará. Pra dizer que embora eu, habitante de "um país tropical e abençoado por Deus" vibro com esse tom. Mesmo que há 3 dias tenho apanhado de taco de baseball e febre beirando os 39,5°C. Mais radiante do que em dia sem nuvens... não desconsidero o céu azul, gosto dele sim. Mas, desculpe blue sky, o cinzinha me pega.
É o dia que você acorda e tem vontade de se arrumar pra uma festa de gala. Parece que tudo fica com um charme a mais. Até andar pelas ruas, só pra sentir o vento frio batendo pelo corpo. Mesmo que isso me custe parecer portadora de tuberculose. São nos dias frios que várias pessoas sentem a solidão se aconchegar no sofá. Me pergunto por muitas vezes se ela, solidão, é tão irritante assim? É nela que a gente pode se ver, sentir, experimentar cada parte nossa. Não é um exercício fácil, muitas vezes dói, tomar consciência, fazer escolhas e sermos responsáveis por elas é algo que sempre dá muito medo. A cada dia você se desfragmenta um pouco ali, dá adeus pra outra parte acolá... litros e litros de choro adicionados na conta.
Maaaas, voltando para o bendito e bem vindo: frio.
Clima propício para, chá, sopas [eca, sai pra lá que não tô velha], passeios, doces, filmes, casacos, sorrisos, mãos geladas, corações quentes. EPA! eu disse: corações quentes?
Alguém, rápido! pegue um rojão e acenda! por que notícia assim é pra ser comemorada [conheço alguém que vai fazer isso de fato]. Comemorar mesmo, é quando se tem o desejo de se arrumar, perfumar toda pra si mesma. Nesses dias ou noites, pode ser de calça jeans ou de cinta liga, nem gisele, megan ou angelina seriam páreo. Costumo passar longos períodos sozinha, preciso deles. Minhas reconstruções levam o tempo que for preciso.
Danço pela casa, durmo no sofá, babo no travesseiro, passo meses sem tocar numa panela. Assino minha própria carta de alforria, liberto-me. Houveram príncipes e princesas, morreram. Vivem diariamente em nossos corações, utopia. E é por merecimento, não por direito, herdado de berço. A simplicidade é um dos bens mais sofisticados e caros para a humanidade. Cada piscar de olhos a mais [a menos a ser dada nesta vida] me convenço de que o importante, na realidade é aquilo que não está disponível num mercado, na vitrine, na internet.
Se eu morresse no próximo instante, antes desse meu presente pensamento, partiria mais feliz do que triste. Não pelas coisas que foram realizadas, mas pelos elos feitos. A gente imagina e quando vem um perigo real, a morte, o medo de tudo acabar e a gente não ter feito tudo aquilo que queria [e não vamos fazer tudo mesmo...] de quando tudo ficar escuro [fica mesmo?] acho que saberia o que me importa, por quem eu chamaria, do que me arrependi, dos segredos que serão apenas meus. Falta, incompleto, inconstante. O equilíbrio perfeito do corpo é a morte. Estranho? procure saber o que é homeostase. Por que pessoas aparentemente bem sucedidas estão caindo enfermas aos 35, 40, 45 anos? Falta da falta, "se pah".
E o que que tem haver isso tudo com o frio? sei lá.
A velocidade que as coisas vão passando na minha cabeça é insana, botaram óxido nítrico. Até pra fazer prova na faculdade tá ficando complicado.
O frio faz com que andemos mais devagar, de passos e de mente também. Um olhar mais demorado sobre as pessoas, as coisas, em slow motion sabe? E vejo meus poucos amigos, mas preciosos. Todos com marcas, feridas das batalhas diárias, todos nós fodidos até por que mesmo trabalhando, ainda não estamos livres do orçamento curto, dos sonhos e ideais gigantes, da diversão barata, das rodinhas universitárias, gargalhadas, choros convulsivos. Não há nada material que eu gostaria de levar [ainda bem], minhas lembranças pesam demais.
O frio? ah, esse safado... mesmo fazendo eu desfilar pior do que a bruxa do 71, com óculos escuro na cara, arranca sorrisos sinceros e ternos mesmo que meu pulmão doa e algumas pessoas possam achar que sou psicopata por estar assoviando melodicamente e melosamente;
"Here he comes.."
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